Estilo e verdade em Jacques Lacan
Gilson IanniniSe Freud trouxe outra coisa ao conhecimento do homem senão essa verdade
de que existe o verdadeiro, não há descoberta freudiana. É sob esse
prisma que Jacques Lacan efetua sua releitura de Freud. A descoberta do
inconsciente concerne não apenas à história do desejo e da
subjetividade, mas também à natureza e aos contornos da verdade. Nas
mãos de Lacan, a verdade funciona como uma espécie de conceito-limite
entre a clínica e a filosofia. A verdade é o ponto de partida de uma
análise; mas, ao mesmo tempo, não é possível pensá-la sem recorrer a um
campo de forças conceitual em que se entrecruzam diversos discursos,
como a filosofia, a lógica, a linguística, a literatura. O presente
livro busca ser um estudo do problema da verdade em Lacan. A obra parte
da coexistência paradoxal de dois axiomas – ‘há verdade’ e ‘não há
verdade da verdade’. No espaço demarcado por esses limites, o autor
examina a tese da discordância entre saber e verdade, reconstrói passo a
passo todas as etapas da crítica à metalinguagem, trata o problema das
relações entre ciência e psicanálise e, finalmente, analisa o estilo de
Lacan como um esforço de formalizar, na escrita da psicanálise, os
impasses de uma verdade que não se diz toda.